Cap.
I
Quedas
e Injúrias
Amanheceu.
Era mais uma terrível segunda-feira de pura ressaca para Daniel
Morgan Reeves, o caça-talentos da Blue
Star,
uma das mais famosas empresas de modas do mundo, que diferente de
muitas, possuía sua matriz no Brasil. Seu celular despertou tocando
a música Jump
da
banda
Van Halen.
Ele abriu os olhos e percebeu que não estava sozinho. Havia uma
linda, magra e alta loira em sua cama; Ela sustentava o seu gosto por
mulheres e, sem dúvidas era uma aspirante a modelo. Morgan desligou
o despertador do celular e sentou-se à beira da cama d'água, ela,
por sua vez se balançou, acordando aquela que o acompanhava e que
sequer lembrava o nome. Ele flexionou os olhos num gesto de
insatisfação ao sentir que havia despertado aquela mulher, afinal,
seria extremamente fácil deixá-la no motel ainda dormindo
acompanhada apenas do o valor da diária na cabeceira da cama, como
sempre fazia com suas demais affairs.
Mas, se lembrou de que havia quebrado a segunda, da sua lista de
regras: ele havia levado àquela mulher para sua casa e, neste
momento, se convencia em pensamento de que era um perfeito idiota.
- Oi tigrão! – Ela disse ainda deitada.
- Oi. – Soou seco.
- E ai, como foi meu desempenho? Vai assegurar minha vaga na Blue Star? – Indagou convencida de que a resposta seria positiva.
- Farei de tudo, haney! – Respondeu ainda dando de costas – Agora, por favor, tenho que ir. Dá pra você sair?
- Uau! Você é tão direto, adoro homens assim! – Sentou-se por trás de Morgan abraçando-o pelos ombros, recostando carinhosamente sua face nas costas de Reeves.
- Que bom, fica com eles! – Respondeu de forma grosseira, libertando-se dos braços dela. – Por favor, Rosana, eu tenho que ir! - Insistiu.
- Letícia, meu nome é Letícia! Seu cafajeste... você não se lembra nem do meu nome?! – Reagiu indignada, vestindo-se apressadamente.
- Letícia?! – Comprimiu seus lábios – Perdoe-me, meu bem. Sou péssimo com nomes. – Ergueu-se e seguiu até a porta – Esqueci duas vezes o nome da minha própria mãe, colocando em seu presente de aniversário o nome de outra mulher, talvez por isso ela tenha morrido de desgosto. – Riu irônico – Você acha mesmo que eu lembraria do seu, queridinha? – Sorriu novamente – Pelo amor de Deus, te conheci ontem!
- Cafajeste! Otário! Filho da... – Irritou-se, deixando o quarto do hotel em que se encontravam, portando sua sandália vinil preta com salto Luiz XV e seu sobretudo de seda vermelho em mãos.
- Está perdendo pontos comigo, hein! – Ameaçou.
Letícia mostrou seu dedo médio como símbolo de seu desagrado.
Morgan olhou para o relógio de pulso e reagiu:
- Puta Merda! A chefia vai me matar! – Apressou-se até o elevador e seguiu rumo ao estacionamento. – Droga! Calça Jeans e túnica preta é legal, mas sapato vermelho neste contexto? Tô parecendo o Lulu Santos! – Entrou em seu Citroën Pallace e deu à partida, ligando, em seguida seu rádio mp3 que começou a tocar a música You shook me all night long do ACDC.
...
Ao chegar à empresa, Morgan desceu do carro e entregou a chave para
o manobrista, em seguida, inspirou e expirou, levando o indicador
direito sobre o meio do Ray-ban descendo-o sobre o corpo do
nariz, avistando assim, a beleza do prédio da Blue Star – um
arranha céus de doze andares com vidros espelhados nas janelas em
tonalidade azul, em sua frente uma escadaria larga com oito degraus e
dois corrimões duplos e dourados nas duas laterais, na entrada um
tapete vermelho seguida em direção ao portal de vidro fumê de
quatro metros de altura e um segurança de cada lado vestido uma
farda vermelha à inglesa – ele empurrou os óculos para o
lugar, sorriu um sorriso safado retirando um cigarro do bolso
colocando-o entre os lábios, acendeu-o e direcionou-se para entrada.
Chegando ao estúdio de fotografia, ele soprou a fumaça presa na
garganta, retirou a guimba da boca atirando-a na lata de lixo,
acertando-a em cheio. Como um pré-adolescente ele comemorou:
- Uhu! – Ergueu os braços e sorriu – Sempre bom de mira, boy! –
Completou.
- Daniel Morgan Reeves! – Soou firme e pausado – Você parece uma
criança! – Julia Medeiros completou – Está atrasado! –
Esbravejou.
Atentando-se em sua chefe, ele respondeu:
- Desculpe Julia, é que havia uma garota...
- Não quero saber dos seus casos amorosos, Morgan! – Irritou-se –
Não chegue mais atrasado! – Ordenou, caminhando até a modelo que
se preparava para a sessão de fotos, mas, após três passos
retornou seu olhar para Morgan, fechando novamente seu semblante –
Deveria parar de fumar, pois o cigarro mata lentamente.
- Não estou com pressa de morrer, Julia. – Respondeu, sorrindo.
Julia debochou e seguiu até a modelo.
Morgan, por sua vez, sentou-se em uma cadeira apoiando seus cotovelos
sobre a mesa, observando a candidata em seus mínimos detalhes.
- Nossa, que mulher linda! – Ele disse baixinho observando a lasca
do vestido vermelho que subia pela lateral até sua coxa – Que
Legs! – Sussurrou e mordeu seus lábios inferiores – Legs
brasileiras, amo muito tudo isso! – Pensou e sorriu com o canto da
boca.
- Olá. – Soou seco – Qual o seu nome?
- Anna Annak, senhora! – Sorriu trêmula.
- Bom, pessoal, podem parar! Ela não serve para Blue Star. –
Encarou Anna – Você não se adéqua aos padrões da empresa. Veste
quanto? Uns 38?
- Sim senhora. – Soou doce, porém confusa.
- Pois bem, a Blue Star precisa de manequins 34. Você está
fora dos padrões!
- Como assim?! Fora dos padrões?! Sou magra, possuo boa estatura e
tenho um excelente currículo! – Exaltou-se – Como ousas me
chamar de gorda? – Esbravejou sem escrúpulos – E você, veste
quanto, uns 40? – Indagou debochante.
Morgan sussurrou:
- Isso ai garota, um a zero. – Morgan gritou erguendo os braços e,
encarado rapidamente por Julia, reprimiu rapidamente sua
comemoração, elevando sua atenção para outra candidata, a fim de
disfarçar o que havia feito.
Julia voltou sua atenção para a candidata e furiosa respondeu:
- Olha aqui sua insolente, nesta empresa quem manda sou eu. E eu digo
que você não se adéqua aos nossos padrões, entendeu ou quer que
eu desenhe? – Gritou – Agora saia da minha frente! –
Empurrou-a, e seguiu até o elevador.
- Quer a Blue Star só pra você, Julia?! Enfia naquele lugar
onde não pega sol! – Esbravejou enquanto o elevador fechava as
portas. – Anna, muito magoada com o que acabara de acontecer, olhou
para a equipe que encontrava-se ainda assustada, desculpou-se pelas
palavras de baixo calão e deixou o estúdio apressadamente.
Morgan ergueu-se para tentar uma conversa amigável e impedi-la de
sair daquela forma do estúdio, mas, Anna apressada empurrou-o,
fazendo-o cair da própria altura, em seguida, pisou na barra do
longo vestido vermelho e desceu ao chão por cima de Morgan.
- Oh meu Deus! Desculpe-me! – Anna constrangida olhou dentro dos
seus olhos.
- Não sou Deus, querida, sou apenas Daniel Morgan! – Sussurrou
sério – Mas tenho certeza que és uma deusa! – Sorriu encantado.
- Anna Annak Albuquerque! – Apresentou-se um tanto sem graça
observando a beleza daquele homem de meia idade.
- Hum... “A” ao cubo. – Brincou, em seguida, sorriu.
Morgan era um homem bonito, apesar de já ter alcançado os quarenta e cinco anos, passava dos um e oitenta de altura que, aliás, era a única coisa que realmente o diferenciava do ator americano Robert Downey Jr, possuía cabelos lisos e negros, levemente grisalhos, com um topete mantido para trás por intermédio de gel e um cavanhaque esculpido em seu queixo com extrema paciência. Era fino... quando queria... e engraçado, raramente ...bom, não tão raramente, pelo menos com as mulheres... sarcástico, porém extremamente galanteador.
Morgan era um homem bonito, apesar de já ter alcançado os quarenta e cinco anos, passava dos um e oitenta de altura que, aliás, era a única coisa que realmente o diferenciava do ator americano Robert Downey Jr, possuía cabelos lisos e negros, levemente grisalhos, com um topete mantido para trás por intermédio de gel e um cavanhaque esculpido em seu queixo com extrema paciência. Era fino... quando queria... e engraçado, raramente ...bom, não tão raramente, pelo menos com as mulheres... sarcástico, porém extremamente galanteador.
- Aí, Morgan! – Zombou Rafael, seu melhor amigo – Existe motel,
não sabia? – Gargalhou sendo acompanhado pelos demais da equipe.
- Perdão novamente! – Anna ergueu-se coagida e seguiu até o
elevador.
Morgan riu e disse:
- Não é isso que está pensando, Rafael!
- Sempre diz isso, Morgan, sempre! – Respondeu convicto – Vá
atrás dela, cara! Ela tem chances.
- A Julia acabou de dispensá-la, cara. – Baixou os olhos – Foi
triste, a garota tá mal.
- Ela sempre muda de ideia e sobra pra você desfazer a merda. –
Insistiu Rafael – Vai cara!
- É, tem razão! – Sorriu e seguiu rumo ao elevador.
- A propósito – Disse sério, friccionando os olhos intrigado –,
tá copiando o estilo do Lulu Santos, brother? - zombou.
- Vai a merda, bitch! – Respondeu enquanto o elevador fechava suas
portas.
...
Anna deixou o ascensor e seguiu rumo ao Bar Star sentando-se
numa cadeira, em seguida, baixou o semblante por cima das mãos e
apoiou os cotovelos na mesa de tampo cristal.
- Pois não, senhorita! – Disse o garçom – Em que posso
servi-la? – Dênis era um rapaz alto, esguio, com o cabelo desfiado
num corte Emo e, além disso, era extremamente educado e um
pouco afeminado.
- Traga-me uma taça de vinho tinto com cicuta.
- Como senhorita? – Assustou-se – Cicuta não é um veneno?
- Vá! – Esbravejou.
Dênis estranhou e deu de costas para Anna, em seguida, foi
surpreendido por Morgan em sua frente.
- Nada disso, Dênis, traga-nos duas cubas-livres, por favor!
- Falou chefe, o senhor sempre sabe o que pedir! – Sorriu.
Anna encarou Morgan, em seguida, baixou o semblante.
- Posso me sentar? – Sentou-se e cruzou suas pernas sem esperar
resposta.
- Já se sentou, não é? – Respondeu.
- Eu vi sua performance. Você estava realmente linda. – Elogiou.
- Não o bastante para assegurar o emprego. – Secou suas lágrimas.
- Julia é sempre assim, são poucos os dias que ela se encontra
maleável. – Pressionou seus lábios – E você a pegou
justamente no dia de Snack! – Movimentou os dedos indicador e médio
unidos e levemente curvados fazendo analogia as presas de uma cobra.
– Mas não fique assim, você é realmente linda e possui um
currículo muito bom. Vai ser fácil arrumar um emprego.
- Parece que não será tão fácil assim, não é mesmo? –
Ironizou.
- Olha, se precisar de mim, pode contar comigo. – Pousou sua mão
sobre a mão de Anna.
Ela olhou firmemente para Morgan, puxou sua mão velozmente e
agrediu-o com palavras:
- E pra isso precisaria dormir contigo, não é? – Encarou-o
irritada.
Constrangido, Morgan respondeu gaguejante:
- Não é nada disso, Anna! I want to be your friend! – Disse
suave.
- Olha Morgan, conheço bem o seu tipo de homem e cá entre nós, não
faz o meu tipo. – Ergueu-se irritada.
- Anna, não é nada disso! – Ergueu-se, dizendo exaltado –
Estou apenas oferecendo minha... – Estalou os dedos duas vezes,
tentando lembrar a palavra – Amizade. – Segurou sua mão –
Escute-me, Anna, reconheço que este é o sonho de muitas meninas,
inclusive é o seu e... I can help you! Acredito que tem potencial!
– Tentou convencê-la.
- E o que vai querer em troca, Morgan? Hein?! – Indagou desconfiada
– Sempre querem algo em troca. – Disse irônica virando a face
para o lado esquerdo.
- Sua amizade. Pode ser? – Disse dócil e com seu lindo sotaque
americano.
Dênis chegou ao local com as bebidas, arranhou a garganta deixando
um som no ar e disse:
- Suas bebidas, altezas. – Brincou.
Morgan convenceu Anna a se sentar e tomaram suas bebidas enquanto ela
se acalmava. Eles conversaram bastante e num determinado momento,
Morgan perguntou:
- Ei, você gostaria de ir ao cinema?
- Morgan, olha só, já está me convidando para sair! – Fechou o
semblante.
- É só como um friend, vamos? – Juntou suas mãos como se
estivesse pedindo, por favor.
- Ok., amanhã a noite... mas só como amigos! – Reforçou
sorrindo.
...
No dia seguinte, durante a sessão das vinte horas, Morgan se
comportou como um velho amigo de Anna, fazendo-a rir de suas bobagens
imitando algumas pessoas no cinema. Ele sentiu-se lisonjeado ao ver o
sorriso de Anna que antes possuía um semblante decaído de tanto
chorar pela decepção que sofrera um dia atrás.
Ao terminar o filme “O homem do futuro”, Anna ergueu-se
antes que todas as luzes se acendessem e desceu as escadas. Mas, no
penúltimo degrau, ela pisou em falso e desceu ao chão. Morgan
instintivamente segurou sua mão, mas desequilibrou e caiu por cima
do seu delicado corpo a poucos centímetros do seu rosto. Naquele
momento, sentiram como se o mundo tivesse parado; Seus olhos se
cruzaram de tal forma que um passou a enxergar a alma do outro.
Um jovem casal observando o ocorrido decidiu ironizá-los cantando a
música Back At One.
Morgan olhou para Anna, ergueu uma das sobrancelhas e disse:
- Estamos ficando bons nisso, sweetie. – Sorriu.
Trecho do Romance
Morgan, o amor é Real
Morgan, o amor é Real
(Kim Montebello)
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